sábado, novembro 11, 2006
O Relógio-de-parede
Uma das primerias lembranças que eu tenho é de quando tinha uns 3 anos. Nesta lembraça eu, minha mãe e meu pai (meu irmão ainda não havia nascido) fomos comprar um relógio-de-parede para colocar na nossa sala. Certamente existiam outros relógios em casa, afinal, uma casa não pode funcionar sem um relógio, porém, aquele fora o primeiro relógio com que eu, Caio, tive contato. O primeiro relógio que eu me lembro de ter visto.
Ele não era grande coisia. Parecia uma grande caixa retângular de madeira com 50 cm de altura, 30 cm de comprimento e pouco mais de 10 cm de largura. O fundo dele, a parte que ficava atrás dos ponteiros, parecia-se muito com um efeito de místura gradiente (muito mal feito no Corel Draw) de Azul, Vermelho e Branco, na minha opnião, este fundo sempre atrapalhou a visão dos ponteiros. Os ponteiros eram 3: um grande e vermelho para marcar os segundos, um médio para marcar os minutos e pequeno para marcar as horas. Em suma, um relógio comum.
Em pouco tempo este relógio tornou-se o centro nervoso da casa. Todos guiavam suas ações por ele: o horário de eu acordar, o horário de meus pais irem trabalhar, o horário do almoço, da janta, da novela das 8. Ele se tornou o objeto inaminado mais importante da casa, dividindo espaço com a nossa unica televisão que também ficava em nossa sala.
Lembro-me que aprendi a ter noção de horas com ele. Sempre perguntava pra minha mãe que quando iriamos no clube (quando criança, eu adora nadar) e ela sempre dizia: "Quando o ponteirinho chegar no número 3". E lá ficava eu, esperando aquele maldito ponteiro lentíssimo chegar no número 3. Uma vez fiquei esperando desde de o triangulinho que representava o algarísmo 11. Quatro horas! Tempo demais para qualquer criança pequena esperar.
Então que eu conheci a maravilha dos relógios digitais. Com eles eu não precisava esperar o lento ponteiro pequeno andar, bastava olhar para o painel luminoso e conferir se o horário que eu queria tinha chegado. Sabem, mesmo os relógios digitais sendo muito úteis e práticos, perderam muito do charme que os relógios analógicos tinham.
Percebi que o tempo passa para todos, trazendo mudanças em nossas vidas, porém, isso não é verdade para os relógios. Por mais vezes que seus ponteiros girem, girem, sem fim no sentido horário, eles sempre continuam fazendo a mesma coisa, imutável, todos os dias. Tudo a volta deles pode mudar, mas eles continuam sua nobre missão de marcar o passar do tempo.
Muitas foram as voltas que o velho relógio deu, tantas voltas que anos se passaram. Minha casa não era mais a mesma daquela época. Digo, continuo morando no mesmo lugar, mas muitas reformas ocorreram: uma cozinha foi construída, a nossa antiga sala deu lugar ao quarto meu e do meu irmão, e uma nova sala foi construída. O relógio porém, todo esse tempo, continuou sempre na mesma parede que estivera desde de que fora comprado.
Agora ele se encontra no meu quarto. Não é mais o centro nervoso da casa, pois existem tantos relógios em casa que excedem até mesmo o número de moradores. Cada um agora pode escolher um relógio diferente para seguir: Meu pai se guia pelo relógio do carro dele, minha mãe com o rádio-relógio do quarto dela, eu com meu relógio de pulso e meu irmão, bem, ele nunca se importou com relógios...
Chega a ser irônico, outrora o marca-passa da casa, referência de todas as atividades, agora passa despercebido em meio as parades brancas do meu quarto.
Algumas semanas atrás eu estava vendo TV no meu quarto quando resolvo saber que horas são, como estava sem meu relógio de pulso, levantei meus olhos para o velho relógio de parede, grande foi minha surpresa quando percebo ele parado.
Certamente os relógios são os objetos mais leais já inventados pelo homem, mesmo após ficarem sem pilha, continuam eternamente a marcar um horário, tudo bem que uma relógio que marca sempre a mesma hora é meio inútil, mas nada pode-se falar da imaculada lealdade do meu antigo relógio de parede marcando eternamente 15 para as 11.
É triste pensar que de um objeto de valor quase histórico para minha família, como aquele relógio, tenha sido tirado o direito de executar seu trabalho ao qual ele sempre se dedicou pontualmente. Tantos anos de horas marcadas, tanta dedicação em marcar o tempo para ser recompensado com o monotonia de marcar sempre a mesma hora, sem nem ao menos emitir seu ruído característico "TIC TAC". Se os relógios tivessem sentimentos, este meu certamente estária chorando.
A primeira coisa que fiz ao ver isso foi ir até minha gaveta (que, na época em que eu morava em Leme, era organizada) procurar uma pilha para colocar no relógio. Minha gaveta é uma grande caixa de surpresas, pode-se encontrar de tudo lá: lapís, cards de pokémon, minhas afamadas Cartas Clow, restos mortais de brinquedos e etc. Pena não encontrar um pilha.
Acabei me esquecendo do relógio e continuei minha vida agitada.
Hoje, semanas depois de eu ter percebido que o relógio havia parado, me dei conta que ele continua com seus ponteiros estáticos. Será que ninguém mais na minha casa teve a sutilesa de perceber que ele está sem pilha ? Ou pior, será que, assim como eu, eles também perceberam e não tomaram a iniciativa de comprar uma simples pilha e devolver a vida para ele ?
Tamanha ingratidão essa dos humanos. Deixando pedaços importantes de nossa história definharem por falta de pilha. Recusar perder um tempinho de nossas vidas para dar vida a quem nos deu tanto tempo.
O passado é parte integrante do nosso presente, e sem ele, nunca conseguiremos construir um futuro melhor. Prezar pelo nosso passado é ter esperança de um mundo melhor onde as pessoas serão tão leais quanto os relógios. Não importa quantas voltas eu tenha que esperar o ponteiro pequeno dar, um dia isso acontecerá!
Amanhã eu compro uma pilha.
Ele não era grande coisia. Parecia uma grande caixa retângular de madeira com 50 cm de altura, 30 cm de comprimento e pouco mais de 10 cm de largura. O fundo dele, a parte que ficava atrás dos ponteiros, parecia-se muito com um efeito de místura gradiente (muito mal feito no Corel Draw) de Azul, Vermelho e Branco, na minha opnião, este fundo sempre atrapalhou a visão dos ponteiros. Os ponteiros eram 3: um grande e vermelho para marcar os segundos, um médio para marcar os minutos e pequeno para marcar as horas. Em suma, um relógio comum.
Em pouco tempo este relógio tornou-se o centro nervoso da casa. Todos guiavam suas ações por ele: o horário de eu acordar, o horário de meus pais irem trabalhar, o horário do almoço, da janta, da novela das 8. Ele se tornou o objeto inaminado mais importante da casa, dividindo espaço com a nossa unica televisão que também ficava em nossa sala.
Lembro-me que aprendi a ter noção de horas com ele. Sempre perguntava pra minha mãe que quando iriamos no clube (quando criança, eu adora nadar) e ela sempre dizia: "Quando o ponteirinho chegar no número 3". E lá ficava eu, esperando aquele maldito ponteiro lentíssimo chegar no número 3. Uma vez fiquei esperando desde de o triangulinho que representava o algarísmo 11. Quatro horas! Tempo demais para qualquer criança pequena esperar.
Então que eu conheci a maravilha dos relógios digitais. Com eles eu não precisava esperar o lento ponteiro pequeno andar, bastava olhar para o painel luminoso e conferir se o horário que eu queria tinha chegado. Sabem, mesmo os relógios digitais sendo muito úteis e práticos, perderam muito do charme que os relógios analógicos tinham.
Percebi que o tempo passa para todos, trazendo mudanças em nossas vidas, porém, isso não é verdade para os relógios. Por mais vezes que seus ponteiros girem, girem, sem fim no sentido horário, eles sempre continuam fazendo a mesma coisa, imutável, todos os dias. Tudo a volta deles pode mudar, mas eles continuam sua nobre missão de marcar o passar do tempo.
Muitas foram as voltas que o velho relógio deu, tantas voltas que anos se passaram. Minha casa não era mais a mesma daquela época. Digo, continuo morando no mesmo lugar, mas muitas reformas ocorreram: uma cozinha foi construída, a nossa antiga sala deu lugar ao quarto meu e do meu irmão, e uma nova sala foi construída. O relógio porém, todo esse tempo, continuou sempre na mesma parede que estivera desde de que fora comprado.
Agora ele se encontra no meu quarto. Não é mais o centro nervoso da casa, pois existem tantos relógios em casa que excedem até mesmo o número de moradores. Cada um agora pode escolher um relógio diferente para seguir: Meu pai se guia pelo relógio do carro dele, minha mãe com o rádio-relógio do quarto dela, eu com meu relógio de pulso e meu irmão, bem, ele nunca se importou com relógios...
Chega a ser irônico, outrora o marca-passa da casa, referência de todas as atividades, agora passa despercebido em meio as parades brancas do meu quarto.
Algumas semanas atrás eu estava vendo TV no meu quarto quando resolvo saber que horas são, como estava sem meu relógio de pulso, levantei meus olhos para o velho relógio de parede, grande foi minha surpresa quando percebo ele parado.
Certamente os relógios são os objetos mais leais já inventados pelo homem, mesmo após ficarem sem pilha, continuam eternamente a marcar um horário, tudo bem que uma relógio que marca sempre a mesma hora é meio inútil, mas nada pode-se falar da imaculada lealdade do meu antigo relógio de parede marcando eternamente 15 para as 11.
É triste pensar que de um objeto de valor quase histórico para minha família, como aquele relógio, tenha sido tirado o direito de executar seu trabalho ao qual ele sempre se dedicou pontualmente. Tantos anos de horas marcadas, tanta dedicação em marcar o tempo para ser recompensado com o monotonia de marcar sempre a mesma hora, sem nem ao menos emitir seu ruído característico "TIC TAC". Se os relógios tivessem sentimentos, este meu certamente estária chorando.
A primeira coisa que fiz ao ver isso foi ir até minha gaveta (que, na época em que eu morava em Leme, era organizada) procurar uma pilha para colocar no relógio. Minha gaveta é uma grande caixa de surpresas, pode-se encontrar de tudo lá: lapís, cards de pokémon, minhas afamadas Cartas Clow, restos mortais de brinquedos e etc. Pena não encontrar um pilha.
Acabei me esquecendo do relógio e continuei minha vida agitada.
Hoje, semanas depois de eu ter percebido que o relógio havia parado, me dei conta que ele continua com seus ponteiros estáticos. Será que ninguém mais na minha casa teve a sutilesa de perceber que ele está sem pilha ? Ou pior, será que, assim como eu, eles também perceberam e não tomaram a iniciativa de comprar uma simples pilha e devolver a vida para ele ?
Tamanha ingratidão essa dos humanos. Deixando pedaços importantes de nossa história definharem por falta de pilha. Recusar perder um tempinho de nossas vidas para dar vida a quem nos deu tanto tempo.
O passado é parte integrante do nosso presente, e sem ele, nunca conseguiremos construir um futuro melhor. Prezar pelo nosso passado é ter esperança de um mundo melhor onde as pessoas serão tão leais quanto os relógios. Não importa quantas voltas eu tenha que esperar o ponteiro pequeno dar, um dia isso acontecerá!
Amanhã eu compro uma pilha.
Comments:
<< Home
hum...grande texto sakura!!
no fundo, eu ODEIO relógios...
eles mostram o quão rápido passa a sua vida sem q vc possa fazer alguma coisa pra mudar isso..!
mas são incrivelmente necessários!
bjããooo!!!
no fundo, eu ODEIO relógios...
eles mostram o quão rápido passa a sua vida sem q vc possa fazer alguma coisa pra mudar isso..!
mas são incrivelmente necessários!
bjããooo!!!
e aew Caio! frmza!?
hahahahaa! cabei de comentar no seu post anterior! XD~... mas então!
pra mim, o relógio já é uma parte do meu corpo... não consigo viver sem ele! Raramente as pessoas me vêm sem um relógio em meu pulso.
falando em relógio, fala-se em tempo... Tempo é a coisa que mais me tem faltado desde o ano passado... Nunca tenho tempo suficiente para fazer tudo que quero, e isso não se chama "desorganização" !! Sou mto bem organizado!
muito boa uma frase que você citou e espero que não se importe de eu repetí-la aqui para finalizar o comment: "Recusar perder um tempinho de nossas vidas para dar vida a quem nos deu tanto tempo."
Abraços,
hahahahaa! cabei de comentar no seu post anterior! XD~... mas então!
pra mim, o relógio já é uma parte do meu corpo... não consigo viver sem ele! Raramente as pessoas me vêm sem um relógio em meu pulso.
falando em relógio, fala-se em tempo... Tempo é a coisa que mais me tem faltado desde o ano passado... Nunca tenho tempo suficiente para fazer tudo que quero, e isso não se chama "desorganização" !! Sou mto bem organizado!
muito boa uma frase que você citou e espero que não se importe de eu repetí-la aqui para finalizar o comment: "Recusar perder um tempinho de nossas vidas para dar vida a quem nos deu tanto tempo."
Abraços,
respondendo: o "grande" foi em relação tanto ao tamanho (hauehaeue) como ao conteúdo!!
^^
muito bom!!
bjão!
^^
muito bom!!
bjão!
Nossa Sakura!
Falando em relógio e em tempo, um dos motivos deu ter sumido do seu blog é exatamente isso: tempo! Meu relógio estava andando mais rápido que o normal, e agora (domingo, 6:10h da manhã) eu resolvi tirar o atraso com vc ^^!!
:P
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Falando em relógio e em tempo, um dos motivos deu ter sumido do seu blog é exatamente isso: tempo! Meu relógio estava andando mais rápido que o normal, e agora (domingo, 6:10h da manhã) eu resolvi tirar o atraso com vc ^^!!
:P
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